quinta-feira, 13 de maio de 2010

Conto : "Tony, o padeiro"


   Parte Três

   À noite, o homem já tinha ido embora e Tony assistia as fitas de segurança novamente.
  
   - Jesus! São apenas crianças! Espero saber o que estou fazendo.

   Nessa minuciosa busca por pistas, descobriu algo nas imagens que não tinha notado antes.
   Por uma das janelas da loja de conveniência era possível  ver o carro deles. Ampliando certos pontos do vídeo até a placa tornou-se visível.
   Tony, como era de costume, fechou as portas da padaria às oito da noite.
   O padeiro , na hora de se armar para uma caçada, era sempre o mesmo. Nunca mudava o seu arsenal, por mais alternativas que tivesse à disposição. Olhava ao redor, admirando sua vasta coleção de armas, depois ignorava todas elas e apenas se armava de arco e flecha.
   O seu velho arco, causador de muitas feridas entre aquela raça odiada. Os malditos vampiros. Era como se a mão do próprio Deus guiasse as flechas daquele arco.

   - Apenas crianças. Que Deus me perdoe.

   Tony lembrou-se imediatamente de seu sobrinho.
   Pobre Jonas, se matou ao terminar com a namorada.* Ver alguém tão novo morrendo tragicamente era a pior coisa do mundo para o velho padeiro. Mas o negócio ia mau e ele precisava pagar as contas do mês. Aliás, estes jovens não seriam os primeiros. Talvez até seus pais já tivessem sido mortos por ele. Isso não era difícil de acontecer.
   Maldito seja o padre Lúcio! Sabia que ele não poderia recusar a proposta do dono do posto. Sabia que o padeiro já estava no vermelho havia muito Tempo.
   Tony, antes de sair, fez as suas orações. Pedia perdão adiantado pelas mortes que causaria. Pelo sangue que seria derramado no decorrer da semana. E pelo juramento que estava prestes a quebrar.
   Cinco cabeças, dez mil em dinheiro vivo.
   Era um ótimo argumento.
   Tony, o padeiro, apagou as luzes e saiu para à noite. Estava entrando de novo em seu velho mundo.
      
   * Ler o conto "Prova de Amor"   

Continua...

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