quinta-feira, 13 de maio de 2010

Conto : "Tony, o padeiro"


   Primeira parte

   A padaria abriu as portas cedo, como sempre.
   Pouco movimento. Apenas algumas moscas, que já eram "de casa", passeavam por lá.
   Antônio, o proprietário, sentia falta da antiga clientela, que vinha todas as manhãs à procura dos mais variados pães, doces ou leites A, B ou C. O negócio andava mau.
   Mas naquela manhã, Tony, o padeiro, sairía completamente da atual rotina monótona.
   Por volta das onze, entrou em seu estabelecimento um homem trajando roupas sociais. Aparentava uns quarenta anos e seu rosto trazia uma expressão aflita. Os dois se olharam por um momento. O silêncio foi quebrado.

   - Posso ajudá-lo? - perguntou o padeiro

   - Vou querer um cachorro-quente com salsichas portuguesas, por favor.

   Antônio fitava o homem, e ficou triste com a escolha daquele novo freguês.

   - Oh! Siga-me, por favor.

   Os dois homens atravessaram um estreito corredor, encontrando no fim uma velha escada de madeira. Subiram, chegando assim, ao escritório da padaria. Antônio já não trazia mais aquela expressão serena no rosto. Parecia estar incomodado com aquela visita inesperada.
   Sentou-se na cadeira de estofado corroído pelo tempo e pela falta de uso. De trás da mesa de madeira prensada, apontou para um assento similar ao seu e convidou o homem a sentar-se.

   - Alguém te mandou vir até aqui? - não tirava os olhos do homem.

   - Não, senhor. Fiquei sabendo do seu trabalho através de um amigo de confiança, um antigo parceiro teu. O padre Lúcio.

   - Oh, meu Deus! Então o assunto deve ser mesmo muito grave! - espantou-se o padeiro que, há tempos, não ouvia aquele nome.

   - Com certeza. Sei que vocês dois trabalharam juntos por um tempo. Por quê se separaram?

   - Oh, o ramo do padre é outro. Mas o que te traz aqui, afinal?

   - Vampiros, senhor. Simples vampiros.

   - Simples, você diz. Bem, faz tempo que não saio para caçar. Mas diga-me o que houve e, por favor, não seja modesto quanto aos detalhes.

   Fim da Parte Um

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