Me sentei na velha poltrona, largando meu corpo ao descanso. A lareira continua apagada desde o dia em que ela partiu. Acendi um cigarro em meio ao silêncio e a solidão. Uma lembrança boba me veio a cabeça. Lembrei-me que há dois meses atrás, ela estaria na cozinha preparando um lanche ou lavando alguns pratos. Agora ela estava morta e eu fiquei só com as lembranças.Havia jurado a ela que estaria para sempre a seu lado e agora ela parte me deixando no meio de uma tormenta, privado do meu único amor, o verdadeiro. Se foi, num desastre de carro. O dia de sua morte era lembrado em todos os dias da minha vida. Uma tortura que nunca cessava.
Por mais que nossos corpos estivessem distantes, podia sentir nossas almas unidas. O meu amor voltou pra me buscar. Ao deitar-me ouvia sua voz a me chamar e, sentia seu calor ao meu lado na cama. Foi por isso que fiz aquilo. Não podia deixar que o meu grande amor, a mulher que jurei proteger, partisse sem que eu nada fizesse.
Levantei-me da poltrona e fui ao banheiro. Peguei a gilete menos enferrujada e deslizei a lâmina pelo pulso esquerdo, abrindo uma fenda por onde meu sangue fugia das minhas veias. Me senti fraco e a voz de minha amada ecoava cada vez mais alto dentro da minha cabeça. Cada vez mais alto. Segurei a gilete com toda a força que eu ainda tinha, meus dedos já não me obedeciam como de costume. Com muita dificuldade, cortei o pulso direito e o corte foi profundo.
O sangue era presente em todo lugar. O espelho, o chão, o lavatório, tudo estava tingido de vermelho. Meus braços começaram a formigar. Fui me sentar sobre o vaso sanitário mas escorreguei no meu próprio sangue e bati com a cabeça no chão molhado. Arrastei-me meio tonto e consegui sentar-me. Ali, naquele vaso, passei os últimos seis minutos da minha vida.
Abri meus novos olhos sem me importar com a intensa claridade. Percebi a aproximação de alguém. Não era um corpo material, mas um corpo feito de luzes em forma de mulher. Minha mulher. Me esperando para juntos começarmos uma eternidade. Não importa o julgamento dos homens, só o que importa é o verdadeiro amor. E agora tenho tempo infinito para provar isto a ela.
E vivemos felizes para sempre.
Fim
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pow cara,bonito e profundo. Porém triste. Achei mow triste mesmo. Mas mesmo assim,parab´´ens pela criação. Bem narrada e detalhada,pricipalmente a parte do pulso e do sangue Gostei. =) ... boa história.
ResponderExcluiraté + =D
Muito foda as histórias, todas elas. Gostei mais da do George, final surpreendente! ;)
ResponderExcluirÓtimo realmente triste e profundo bem a usa cara escrever algo assim o amor acima da vida e da morte...
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